quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Férias: um direito ou um dever?






A palavra Férias  provém dos dias da semana do calendário elaborado pelo imperador romano Constantino, no século III d.C., que os nomeou “feria” com o sentido de comemoração religiosa: “Prima feria, Secunda feria, Tertia feria, Quarta feria, Quinta feria, Sexta feria e Septima feria”. No século IV, ainda por influência da Igreja, “prima feria” foi substituído por “Dominicus dies” (dia do Senhor) e “septima feria” transformou-se em “sabbatu”, dia em que os primeiros judeus cristãos se reuniam para orar. A língua portuguesa foi a única a manter a palavra “feira” nos nomes dos dias de semana.

A nossa legislação trabalhista estabelece um mínimo de 20 ou 30 dias consecutivos por ano de férias (um direito conquistado junto com outros direitos dos trabalhadores, após as greves operárias do início do século XX na luta por melhores condições de trabalho, salários e garantias trabalhistas). Antes disso trabalhávamos 12 meses por ano, 6 dias por semana e 12 horas por dia. Alguns países (acredite) ainda não têm férias, como na China, onde as empresas param 10 dias por ano (sendo que 4 destes dias são feriados nacionais), e ainda dividindo em 3 períodos.
Porém, para nossa sorte, não temos o mandarim como idioma oficial. No Brasil o trabalhador deve gozar as férias necessariamente entre 12 e 24 meses decorridos desde data da sua contratação, ou desde as últimas férias. O objetivo das férias é proporcionar um período de descanso. Sendo assim, o trabalhador não pode se privar das férias nem por vontade própria e deverá consumir no mínimo 1/3 do período, o que, diga-se de passagem, é tempo suficiente para “desacelerar” e “respirar” um pouco.
Mas, além de um direito, também deveríamos tratar este tema como um dever. Primeiro, para conosco. Posteriormente para nossa família e até mesmo nossa empresa (colegas, fornecedores, parceiros, etc.),  uma vez que tendemos a liberar a mente para um pensamento mais livre e criativo, renovando as energias, fazendo com que voltemos com mais foco e cheios de novas ideias e que, portanto, sejamos muito mais produtivos e com melhor relacionamento interpessoal.
Sendo assim, por que tantas pessoas ainda se orgulham em dizer que há anos não tiram férias?
Podemos elencar alguns motivos:
Síndrome da Onipresença
Se você tem medo de que as coisas não vão sair do jeito que sairiam caso estivesse presente, você está certo. Pode ser melhor ou pior, mas nunca igual, afinal, as pessoas são diferentes e não tomam as mesmas decisões ou agem com o mesmo grau de prioridade e velocidade que você. Passe a se preocupar apenas se não cuidou de ter ao seu redor as pessoas certas, capacitadas e preparadas para dar continuidade nas atividades e nos processos necessários durante a sua ausência. Daí a importância de delegar e desenvolver sucessores. Vale lembrar: se você for insubstituível, jamais conseguirá alcançar postos mais elevados e assim crescer profissionalmente. Cuidado com a armadilha da centralização!
Medo do retorno
Com certeza, seu e-mail vai estar cheio de coisas que vão roubar um grande tempo para colocar em ordem quando retornar, talvez com um agravante: muitas destas coisas já vão estar resolvidas quando estiver lendo. Uma dica é usar as ferramentas do Outlook, como aviso de ausência temporária para informar quem será o responsável enquanto estiver fora e criar regras para aqueles e-mails onde estiver apenas copiado irem direto para sua caixa de arquivamento. Assim não farão parte dos e-mails prioritários a serem lidos.
Mesmo não sendo o mais indicado, na prática, mesmo em férias, pode acontecer de você acompanhar alguns assuntos importantes e acabar se mantendo conectado, de acordo com o cargo que ocupa na empresa (quanto mais alto este for, mais difícil é se desligar totalmente). Porém, uma dica é ter um pequeno período para fazer isso e assim não comprometer seu merecido descanso. Todos precisam que esteja muito bem quando voltar. Desta forma, aquelas questões que não podem esperar e só podem ser decididos por você não estarão aguardando até a sua volta.
Medo de perder o emprego
“E se empresa descobrir que não faço falta e que uma pessoa que ganha menos pode fazer o mesmo trabalho?”; “E se entenderem que não sou tão bom quanto penso que sou?”. Este tipo de pensamento é mais comum do que parece, principalmente porque as empresas tem se estruturado de forma a fazer mais com menos, muitas vezes cortando cargos e acumulando funções. Desta forma, algumas podem entender que o colaborador que não tira férias é um profissional muito dedicado à empresa.
Você tem certeza de que tem se dedicado completamente a agregar o máximo a sua organização e feito o seu melhor? Se sim, isso não precisa ser uma preocupação. Se, pelo contrário, cada dia na empresa é apenas um dia a menos para o pagamento no fim do mês, a preocupação deveria ser com a permanência na empresa e não com as férias. Mas lembre-se, dedicar-se não significa necessariamente trabalhar mais, mas trabalhar bem. Peça feedback regularmente. Cada um de nós é responsável por sua carreira e desenvolvimento, e não a empresa.
Independente do motivo, deveria ser um consenso: as férias (desde que bem aproveitadas) nos tornam pessoas e profissionais muito melhores. E as empresas precisam de colaboradores assim.





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