quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tem um minuto? Parte II

Como mencionei na primeira parte deste post, talvez não estejamos plenamente satisfeitos com nossa carga de trabalho. Particularmente, acredito que por mais que a delegação seja importante (e certamente é) não conseguimos diminuir o nível de responsabilidades e atividades as quais estamos envolvidos, pois à medida que delegamos, acompanhamos, implementamos e resolvemos, imediatamente substituímos a atividade por outra (ou várias) tão ou mais urgentes do que a anterior. Em outros casos, em determinadas atividades, nem é possível delegar, ou seja, as tarefas e responsabilidades dependem apenas de você.

Então como podemos agir em relação a isso? Devemos nos conformar? Aliás, vale à pena continuar dedicando um recurso tão precioso que temos com algo que não nos agrega e, pelo contrário, apenas nos consome e compromete nossa vida, nossas relações e por vezes, nossa saúde?

Antes de responder, convido você a parar para pensar nas seguintes questões em relação à função, cargo ou papel que exerce:

Ø Desempenho esta atividade por que realmente gosto e acredito ou por falta de opção?

Ø Qual o meu verdadeiro propósito (dinheiro, carreira, conhecimento etc.)?

Ø Sou bom e me dedico a minha função? Procuro ser cada vez melhor?

Ø Conheço bem meu trabalho? Sei o que a empresa, chefe, pares e subordinados esperam de mim? E o que eu espero de mim?

Ø O que faço me realiza como pessoa e profissional?

Ø Consigo me ver ascendendo na empresa ou em outros projetos de vida, através do trabalho ao qual me dedico?

Pode parecer que nada disso tenha a ver com gestão do tempo, mas na minha opinião tem muito, pois se não soubemos responder ou se respondemos negativamente a maioria destas perguntas, provavelmente estamos jogando fora nosso tempo e com isso parte de nossas vidas, esquecendo de quanta vida deveria existir naquilo que fazemos. E assim, não fazemos com paixão. E quando não fazemos com paixão, não estamos vivendo o agora, apenas preenchendo o tempo com mais tarefas vazias que não trazem sentido algum a nossas vidas e a dos outros. Desta forma, estamos fadados a terminar nossos dias com a sensação de que nada foi realizado. Talvez, porque de fato não foi mesmo.

Esquecemos de alguns requisitos importantes para o desempenho de nosso trabalho, como prazer, ou seja, gostar do que fazemos e ver nisso um propósito; aceitação, que é entender que nem tudo que fazemos nos dará prazer, porém são peças importantes para conclusão de nosso objetivo; e entusiasmo, ou “ter Deus dentro de si” e que dá sentido e significado a tudo que fizermos.

Falando nisso, quando não vemos sentido ou não tratamos de gerar sentido no que fazemos, o tempo (aquele mesmo tão necessário e cada vez mais em extinção) pode ser usado para propósitos menos nobres como envolvimento com boatos ou fofocas ou para criticarmos a gestão, mesmo que não tenhamos idéias ou sugestões de melhoria, gastando assim tempo e energia que poderia ser empregado para alavancar resultados, idéias, projetos, enfim, para alavancar a empresa e por conseqüência a carreira.



Hoje estamos envolvidos com muitas atividades, a maioria ao mesmo tempo. Abrimos muitas janelas simultaneamente (ironicamente, e perdoem o trocadilho, às vezes sem olhar para a paisagem do lado de fora da janela). Somos multitarefa, multifacetados, multimídia, multiconectados. Porém, todavia, contudo e entretanto, todos nós temos a mesma quantidade de tempo: 60 segundos cuidadosamente distribuídos em cada minuto. E ele é mesmo assim para todos, escoando pelos ponteiros do relógio, de forma apressada ou lenta, nos mesmos 60 minutos por hora, 24 horas por dia, 365 dias por ano, totalizando inegociáveis 31.536.000 segundos por ano (para efeitos didáticos, propositalmente ignorei os bissextos).

Mas afinal, como decidimos gastar este tempo  com as coisas as quais nos dedicamos e quantos segundos são necessários para que nos demos conta disso? Ou seriam anos?

O tempo continua passando...


Ah, antes que você me pergunte por que dividi este tema em duas partes, eu explico: pensei que como o texto ficou um pouco longo, talvez você não tivesse tempo para ler.
Pensei até mesmo em escrever uma terceira parte, mas para falar a verdade, já é um pouco tarde da noite, e eu preciso de um pouco de tempo para mim. Você pode me emprestar alguns minutos?

Um comentário:

  1. Muito bom teu texto! Esse tema foi abordado na edição da Você S/A de 04/2011, e realmente nos faz parar e questionar coisas que não percebemos no dia-a-dia. Pode parecer algo simples e trivial, mas muitos gestores não fazem uso de uma agenda (seja em papel ou eletrônica) para organizarem suas tarefas da semana / mês. Com isso, começa a perda de tempo por falta de gestão dele.
    Creio que o grande diferencial entre os bons e os ótimos profissionais está na organização do seu tempo. Afinal, a partir do momento que se organiza uma agenda, passa-se a dispor de mais tempo para cursos, avaliação de novas oportunidades, somando-se subsídios para gerar mais resultados tanto na carreira quanto na empresa.
    Forte abraço!

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